O financiamento verde emerge como um pilar essencial para impulsionar a transição energética global e promover o desenvolvimento de projetos que combatem as mudanças climáticas. No Brasil, a agenda de finanças sustentáveis tem ganhado força, registrando números expressivos e abrindo caminhos para um futuro mais limpo e justo.
Nos últimos anos, o Brasil apresentou um salto significativo no fluxo de financiamento climático, com um crescimento de 84% entre 2020 e 2022, alcançando uma média de R$ 26,6 bilhões anuais. Esse índice supera em três vezes o crescimento global, que foi de 28% no mesmo período.
O investimento em energia sustentável foi ainda mais expressivo, crescendo 165%, passando de R$ 8,7 bilhões por ano para R$ 14 bilhões. Estes recursos têm sido direcionados principalmente a projetos de energia solar e eólica, responsáveis por 80% do financiamento internacional recebido pelo setor energético.
Além disso, o mercado de títulos rotulados sustentáveis (VSS+), que inclui títulos verdes, sociais e de sustentabilidade, atingiu US$ 67,8 bilhões no primeiro semestre de 2025. O Brasil lidera a América Latina nesse segmento, com US$ 49,3 bilhões alinhados à metodologia Climate Bonds.
Para viabilizar projetos verdes, existem múltiplas fontes e instrumentos financeiros:
Em 2025, foi anunciado um fundo climático de até US$ 1 bilhão, estruturado com o BNDES e o GCF, com o objetivo de mobilizar capital privado e internacional. Esse modelo de financiamento misto reduz riscos e atrai investidores para grandes projetos sustentáveis.
Os recursos têm sido direcionados a diversas tecnologias emergentes:
Em 2024, investimentos de R$ 20 bilhões foram destinados ao etanol de milho, com expectativa de mais R$ 40 bilhões. Para o setor fotovoltaico, foram alocados R$ 55 bilhões, e há previsão de R$ 35 bilhões para 2025.
O avanço do crédito verde traz benefícios econômicos e socioambientais, incluindo a geração de empregos, redução das emissões de carbono e fortalecimento de cadeias produtivas. No entanto, persistem desafios:
O modelo de blended finance, que combina recursos concessionais do GCF com aportes privados, tem se mostrado eficaz na redução de riscos de crédito e na atração de capital para iniciativas de maior escala.
O Brasil destaca-se como maior emissor de títulos verdes na América Latina, apoiado por um ambiente normativo progressivo e um mercado de carbono em expansão. A pauta de sustentabilidade tem ganhado relevância em fóruns internacionais, como a COP30, reforçando o protagonismo nacional.
Políticas públicas, como as debêntures incentivadas, e a regulamentação do setor são fundamentais para atrair ainda mais investimentos. A ampliação de mecanismos de crédito verde pode fortalecer projetos de restauração florestal, adaptação climática e outras iniciativas além da energia.
A democratização do acesso ao crédito verde para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) é essencial para amplificar o impacto socioeconômico. Inovações territoriais e produtos financeiros específicos podem viabilizar a participação desses empreendimentos.
No Brasil, bancos e instituições financeiras têm responsabilidade civil por danos ambientais resultantes de financiamentos. A pressão por padrões ESG mais rigorosos estimula práticas responsáveis e a gestão efetiva de riscos socioambientais.
Em síntese, o financiamento verde no Brasil vive um momento de expansão e consolidação. Para garantir seu sucesso, é necessário fortalecer a regulamentação, ampliar a participação privada e direcionar recursos a setores ainda subfinanciados. Com visão estratégica e compromisso coletivo, o país pode liderar a transição para uma economia de baixo carbono e promover um futuro mais sustentável e inclusivo.
Referências